Diário de uma Brazuca- Casamento com estrangeiro


Antes de qualquer coisa, quero dizer que  casamento é casamento em qualquer lugar, e, os desafios são os mesmos para qualquer casal que topou viver isso. O meu depoimento é de como é a vivência com alguém de cultura diferente da sua e, vivendo no país do conjuge, isso faz a diferença porque se o meu marido tivesse se mudado para o Brasil, predominaria a nossa cultura no dia a dia dele.
Apesar de ter tido uma adolescência com muita influência americana, nem um terço da verdadeira cultura chega para nós, somente as mais comerciais em música, cinema, hábitos alimentares de fast foods, e, a idéia que americano ou é sociopata ou, um idiota que se sente dono do mundo, consome demais e, não fala outro idioma. Tem muito que não sabemos sobre eles que descubro quase todos os dias.
Eu sou casada com um americano um pouco atípico daqueles que nunca saíram do país e vivem o mundo deles com trabalho, igreja, esporte, churrasco no quintal e Thanksgiving na sua pequena cidade. O meu parceiro de vida é um cara viajado, que ama viajar, com faculdade, fala outro idiomas, de família originária da Alemanha, que claro se casou com alguém de outro país, além da família ter uma mente aberta igual.
Contudo, a dinâmica é diferente porque a construção mental de ver as coisas e possíveis problemas, ou até o que é problema real é diferente e, nessa parte eu tenho o exercício de compreender como ele pensa. Não que o americano seja frio, mas ele  não é passional como nós latinos, logo, briga, crise de ciúmes, bate boca, não existe, pelo menos também pelo que vejo nos amigos casados americanos e, amigas brasileiras com americanos. Se você der uma de louca,  principalmente na fase de namoro, já era, dançou bebê.
O marido americano divide tarefas sem precisar ficar pedindo, sendo super colaborador, é carinhoso, mas, não gosta de muito toque na rua muito não, são mais discretos. Até aí, não estou falando muita novidade, até mesmo porque muitos brasileiros que moram aqui relatam essas observações.

O que as pessoas não entendem é que americano pode se casar muitas vezes, mas, ao contrário do que pensam, a maioria tem relacionamentos longos antes de casar, chegam a morar juntos e, aqui não se considera união estável, pouquíssimo estados.  Eu tive 3 anos de namoro antes de me casar com idas e vindas sempre de forma legal. Porém muitos se casam e, depois apresentam para a família, engraçado não é?
Um certo grau de privacidade é muito importante, se o americano ou americana abrir um pouco sobre o quanto ganha, partilhar o mesmo cesto de roupa , dar a senha da conta para você para sacar um dinheiro, ou até o cartão de crédito para gastar, é sinal que ele ou ela confia muito no parceiro. É um excelente sinal.
Eu e Karl adoramos receber gente em casa, bem, até seis meses atrás tinhamos inquilinos ou roommates em casa, e, isso é outro ponto que brasileiro não está acostumado, ainda casado divindo a casa com estranhos ou amigos. É complicado se a esposa é muito ciumenta ou o marido, porque o inquilino anda de shorts curto, de pijama, enfim, com uma certa liberdade que se você não lidar com isso, é briga na certa.
A dica que dou é observar o que o seu parceiro ou parceira faz nas situações que aparecem para se resolver, daí, naturalmente você pega o jeito de lidar com a situação também e, se tiver que confrontar algo, será bem civilizado, sem conflito.Eles não gostam quando as mulheres provocam ciúmes, nem faça isso. Provocação não gera briga, gera rompimento direto.
A vantagem de um relacionamento mais racional, pelo que parece ser é menos desgaste emocional, mais liberdade entre os dois, porém, na dose certa, porque independência exagerada também gera separação. Esssencialmente, o americano observa o seu jeito de pensar para saber se está em consonância com o jeito dele, mais afinidades, até no que gostam de fazer, traz harmonia no relacionamento, e, tudo bem ter algumas controvérsias.

 Eu e Kar temos o mesmo gosto por cinema, alguns programas de televisão, tipo de tema a assistir, sair, comer comida diferente, viajar, mas, de maneira simples para ele, se puder ficar na casa de alguém é ótimo, hotel bem simples, ele não gosta de sair à noite para festas, night clubs, e, outro dia, descobri que shows em lugares fechados ele não vai, me disse que me levaria e buscaria, mas não iria. Eu achei estranho porque já fomos em muitos shows e, duas vezes em lugar fechado e, não reclamou. Bem, já sei o limite dele.
Outra coisa que é estranho para nós, brasileiro por mais que pegue fila, trânsito, horas no carro, se tiver alguma curiosidade para ir a algum lugar vai, mesmo que reclame, mas não deixa de ir, o meu marido e alguns amigos não vão. Só de pensar que o local é difícil de estacionar porque já conhecem, eles nem vão. A distância também é outro ponto, mais de 1hora e 30 minutos no carro, desistem. Tem fila?Esquece! Logo, realmente vão a alguns lugares realmente se estão com muita vontade.
Mas,  agora hábitos e comportamentos já são assuntos para outro artigo, modo de viver,  o próximo. Até logo!

Texto de Monica Rizzo Lopes

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