Estatuto do Nascituro. Fala sério!

Os fundamentalistas religiosos agora apresentam um projeto de lei contra o aborto, o Estatuto do Nascituro, o qual dá direitos para quem ainda não nasceu efetivamente.
A discussão sobre o direito de abortar será secular, ou porque não dizer perene. Mas, não será um assunto encerrado, já passado, já estabelecido? Em muitos países, exceto os seguidos pelo Islã, há duas razões de escusas para se consentir o aborto: estupro e perigo de vida para a mulher. No Brasil, casos de anencefalismo não estão sendo considerados criminosos, comprovando que a criança não sobreviverá.
Houve um alvoroço quando o Governo Brasileiro declarou que mulheres que abortam poderão fazer em hospitais públicos. Isso, em razão de questão de saúde e risco de morte por procedimento mal feito. Os religiosos gritaram literalmente.
Agora, alguns deputados, homens, se julgam no direito de entender melhor da mulher do que elas mesmas e, estão tentando gerar direitos para quem ainda não nasceu. Esse tipo de proteção à vida só colocam em benefício o nascituro, criam maiores reflexos jurídicos materialista ( como herança, pensão, etc) e, desprotege a mãe.
Aliás, ao ler o projeto vê-se a mão apenas como uma encubadoura! E dizer apoio psicológico para a mulher em caso de estupro para continuar a gravidez é “conversa para boi dormir”!Pensam que vão fazer lavagem cerebral.
O artigo mais polêmico do projeto diz:
“Art. 13. O nascituro concebido em decorrência de estupro terá assegurado os seguintes direitos:
I – direito à assistência pré-natal, com acompanhamento psicológico da mãe;
II – direito de ser encaminhado à adoção, caso a mãe assim o deseje.
§ 1º Identificado o genitor do nascituro ou da criança já nascida, será este responsável por pensão alimentícia nos termos da lei.
§ 2º Na hipótese de a mãe vítima de estupro não dispor de meios econômicos suficientes para cuidar da vida, da saúde do desenvolvimento e da educação da criança, o Estado arcará com os custos respectivos até que venha a ser identificado e responsabilizado por pensão o genitor ou venha a ser adotada a criança, se assim for da vontade da mãe.”
Parece que a mulher, antes de sentir-se com direito de voz, decisão, de trabalho em alta escala, precisa garantir sobre o próprio direito de ser mulher. Agora mais do que nunca se diz: Viva a pílula!!!! Para quem pode tomar.
No projeto  se coloca o direito de exame pré-natal; ora, isso já previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente para guardar o direito da mãe em acompanhar a saúde do filho. Nesse caso, não se trata de alguém que pretendeu  um dia em abortar. Aliás, a Constituição já engloba esse direito no artigo que trata ao direito fundamental da saúde.
Isso me parece uma medida extrema e desesperada de religiosos que presumem serem santos já, não humanos e, me perdoem homens.
Homens que estão dando o direito ao criminoso de ter contato com o seu filho nascido de uma violência, um crime, em razão de ter que pagar pensão. Isso porque você não pode mais afastar o pai da criança por praticar a ausência parental.
Honestamente, quem ousou escrever essa proposta e sei que foi mais de um , não levou em consideração os sentimentos das próprias mulheres de sua família.
Uma coisa é garantir o direito de novas gerações em bens comuns à coletividade para ter água potável, alimento e ar respirável como se prevê no meio ambiente;mas, direito privado, não se pode gerar direitos para quem não nasceu de fato e, não tem certidão de nascimento.
Espero que não passe o projeto e, que a Presidenta vete essa loucura.
Ser mãe não é só parir, aliás, como advogada em caso de família, conheço muitas mulheres que não deveriam ter parido, pois, são péssimas mães que só pensam no direito delas se divertirem e receberem a pensão do rebento. Ser mãe é muito mais que isso.
Texto de Monica Rizzo Lopes
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