FANTASMAS URBANOS
Eu ouvi uma vez em uma entrevista do Papa Joao
Paulo II que a solidão era algo que nuca seria tirado dele, pois perdeu a mãe
morreu quando ele era criança, perdeu sua irmã cedo também e, o seu irmão
querido. Por causa do motivo de lidar com a morte tão cedo, acostumou-se a ter
a sua própria companhia, a Sra. Morte não tiraria a sua solidão. Saber apreciar
estar só, muitas vezes é uma lição que temos que aprender a viver, até mesmo
para usufruir melhor momentos com outras pessoas. Mas, tem um tipo de solidão
que se aloja e, essa não desejo a ninguém e nem a mim, é aquela que rouba a tua
alma.
Eu intitulei como fantasmas, pois pessoas que
vivem essa solidão mais parecem fantasmas no mundo concreto, como se já
tivessem partido e, fizessem daqui o seu inferno ou pulgatório, e, não acredito
que foi por vontade própria. Um dia estava indo para o meu estágio, ano
passado, pegando o meu ônibus e depois metrô, quando me deparei com duas cenas,
uma em frente a entrada do metrô e, outra em uma das estações.
A primeira cena foi ver um homem e uma mulher,
entre 30 e 40 anos, sentados no chão,
olhando para o nada simplesmente, como se não tivessem ali, mas, tentando
dar-se as mãos. Eu até consegui ver um sinal de socorro na procura de alguém ao
lado, mas, era tão desesperador a solidão dos dois, sem vida em suas
expressões. Aquilo foi uma apunhalada no meu coração, e, faz você
refletir, o quão terrível estar nessa
situação.
Após 30 minutos de metrô, na estação de
destino, eu vi a segunda cena, uma mulher em torno de 60 anos, com três malas,
já aparentando morar na rua por um tempo, chorando copiosamente,
desesperadamente no meio da estação. Eu fiquei paralisada, sem ação, sem saber
se ia até ela ou não e, me acorvadei, me sinto culpada por isso, deveria ter
chamado pelo menos um funcionário para encaminhá-la para um lugar. Outra
punhalada.
Na musica de Oswaldo Montenegro, “Sempre não é
todo o dia”, ele relata na letra uma solidão indesejada que causa uma angústia
enorme, mesmo tentando perceber os sinais de esperança do dia. Essas pessoas,
ao meu ver vivem uma solidão tão avassaladora que nem a esperança consegue
tocá-las. Agora, fica a reflexão, como não chegar a esse ponto? Como ajudar
alguém que está nesse estado? Enfim, como reviver os fantasmas vivos?
Eu aprendi na catequese que Deus protegia em
especial as crianças e os loucos, agora tem que proteger os fantasmas também. Cuidemos
de nossa saúde mental, fica a dica. Até breve!
Texto de Monica Rizzo Lopes
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