UM SONHO DE CASA
Uma antiga cantiga infantil é
mais ou menos assim: “era uma casa, muito engraçada, não tinha teto, não tinha
nada, ninguém podia morar nela não, porque na casa não tinha chão; ninguém
podia dormir na rede, porque na casa não tinha parede, ninguém podia fazer
xixi! Porque pinico não ali, mas era feita com muito esmero, na rua dos Bobos
número zero.”
Hoje, essa casa pertence aos
moradores de rua que se vê muito no Brasil e outros lugares também. Com o sedentarismo
na vida do homem, a casa tornou-se o objeto de consumo mais importante, mas,
ela se torna muito mais expressiva quando se torna um lar, um porto seguro seu.
Pensando nela, penso em quem a constrói,
nas mãos que faz a massa, projeta a fundação para se tornar firme, sem
rachaduras nas paredes, alinha os tijolos, coloca o telhado, entre outras ações
necessárias. Penso no pedreiro, uma das profissões mais antigas da humanidade.
Os pedreiros de hoje parecem não
ter idéia da sua importância na vida das pessoas e que a realização de um
serviço bem feito traz muito mais gratificação para as pessoas que irão morar
na casa construída. Hoje, a grande parte faz tudo tão mal feito, com paredes
tortas, fundação que não dão sustentabilidade ao conjunto, trabalhos
remendados, o que me deixa chateada.
O preço disso? Eu mesma,
confesso, estou pagando, mas pagando mesmo, com dinheiro para ver se alguém
competente conserta uma obra mal feita no meu apartamento com 50 anos de vida.
Não houve o devido trabalho na parte de encanamento, impermeabilização entre o
apartamento abaixo do meu, me trazendo agora, um problema grande a ponto de ter
que quebrá-lo todo.
Eu compreendo que têm pedreiros
cuidadosos, conheço um que vale ouro, Raimundo que ainda faz qualquer
reforma na casa de meus pais; ele
trabalha como se tivesse construindo a própria casa, que, aliás, é uma graça.
Há uma música no Brasil que o
cantor Zé Ramalho canta que eleva o trabalho do profissional com um gosto de
ressentimento por não poder morar, usufruir dos prédios que constrói, apenas da
igreja. Acredito que muitos tenham realmente esse ressentimento e acabem
fazendo o trabalho torto. O que não é legal! Porque ele está sendo pago por um
trabalho, muito digno que deveria lhe dar orgulho.
Tudo que fazemos na vida,
principalmente para receber dinheiro em troca, deve ser bem feito, com amor,
assim, pode não parecer, é valorizado sim pelas pessoas beneficiadas.
Pessoalmente, construir alguma
coisa seja casa, ponte, seja qual o objeto, eu admiro, gosto de vê-los
trabalhando, porque tem uma técnica, conhecimentos, engenharia e, ainda mais
hoje em dia, precisa estudar, se aperfeiçoar. Não é mais um trabalho braçal
para pessoas com pouco estudo.
Sempre com otimismo em tudo, que
nossos lares sejam firmes e bem feitos para que nos proporcionem segurança e,
que sejam acessíveis a todos.
As músicas que citei:
texto de Monica Rizzo Lopes
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