ADULTO EM MINIATURA
“Há duas épocas na vida, infância e velhice, em que a felicidade está
numa caixa de bombons.” Carlos Drummond de Andrade
A melhor sensação é acordar ouvindo o meu
pequeno vizinho de dois anos brincando com o seu cachorro e descobrindo o mundo
do seu quintal. Mas essa fase passa tão rápido e, já aos quatro tenho que ouvir
crianças pedindo os eletrônicos dos pais para jogarem. Cadê a tal famosa
infância de Carlos Drummond de Andrade?
Há de se admitir que a geração de hoje já nasça
com um novo sistema cerebral, muito mais elétrico e rápido que minha geração,
todavia, parece que a velha inocência tão admirada e cantada por muitos em
versos, só residem nos 3 primeiros anos.
De quem é a culpa? Aliás, têm culpados? Os
pais atuais estão colaborando um pouco com essa celeridade em pequenos gestos,
como vestir os filhos de forma adulta, não se importar em ensinar músicas de
cunho para adultos, ou, deixarem
assistir todo e qualquer tipo de programa. A criança é uma caixa
registradora de atitudes e palavras que os pais passam para ela, além dos
demais que a influencia.
Notícias e estatísticas na mídia já
mostram que crianças têm doença que era
mais normal na vida adulta, como depressão, hipertensão, aumento de câncer,
entre outras. Isso se dá muito ao estresse e má alimentação.
Há um ano vi uma cena no metrô de São Paulo
que me deixou chocada. Uma jovem mãe dando ao seu filho de seis meses, presumo,
uma parte do seu chiclete que estava mastigando. Como será que está essa
criança hoje?
No Brasil se comemora o dia das crianças em
12 de outubro e, esse ano, a procura por smartphone, e, jogos eletrônicos
elaboradíssimos, como Xbox, aumento em torno de 30% nos pedidos de presente.
Isso é muito preocupante.
O consumo tem a sua parcela nesse fenômeno de
fase adulta precoce, aliás, quem projeta a forma de consumo...os estudiosos
para aumentar a venda de seus mercadorias, fazem de tudo para atingir essas
pequenas pessoas a consumirem mais, ainda na tenra idade. E, os pais viram
refém dos dramas e manhas de seus filhos.
Não há caminho de volta aos velhos tempos, e,
nem seria realmente o caso disso, mas, penso e procuro refletir, não há um meio
termo para conseguirmos esticar a infância até os 10 anos? Tempo essencial para
a formação de um futuro adulto com valores, atenção e amor. Tudo que se precisa
para ser um adulto responsável. Os eletrônicos, dá para controlar e ser
aproveitado após essa fase.
Ser mais duro com as crianças e, deixar que
sofram algumas desilusões, algumas tristezas, tempo de paciência imposta para
que sejam fortes e resilientes nas dificuldades futuras.
No futuro eles irão agradecer um pouco de
linha dura e alguns nãos na infância.
Texto de
Monica Rizzo Lopes
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