Crônica: Espelho, espelho meu!
Espelho,
espelho meu!
Como
todos os dias da semana, ela acorda cedo para trabalhar e enfrentar o metro de
São Paulo cheio na hora do “rush”. Ainda com o cabelo mal amarrado como rabo de
cavalo, cara limpa e olhos denunciantes de sono perdido, ela procura um lugar
para sentar. Quase por osmose, sua primeira atitude é olhar as novidades do
“facebook” e tecer alguns comentários.
O
metrô para na estação Luz, quase como rotineiros e uma espécie de robôs a
multidão desce, nesta cidade de São Paulo viver correndo contra o relógio é
quase repetitivo, mas não é uma obrigação. Nesta hora bem propicia para ela
correr e sentar em um lugar sem se preocupar se tem idoso por perto. Agora sim,
a moça pode se desligar de tudo e começar o seu ritual de beleza.
Em
meio de pessoas caladas, absorvidas, ou melhor, mergulhadas em seus
pensamentos, alguns em voz alta, em conversas em celular. No meio deste curioso
vagão do trem desperto para um ritual, a garota abre um compartimento de sua mochila e, “chazan”!
Brotam pincéis, bases, batons, lápis de olhos do nada.
É
impressionante a destreza de manipular os pequenos frascos sem deixar que
manche e derrube no chão, ou até mesmo na mochila dela. E a segurança de passar
um delineador perfeitamente após um sombreado degrade nos olhos? Nesse ato ela
mostra todo o seu poder feminino. Em cinco minutos, ela está outra, pronta para
conquistar o mundo. Seja na escola ou na empresa onde trabalha, no qual um
cartão de identificação em seu pescoço a denunciada.
Ela
assusta-se verificando em que estação está Vergueiro. E, como um pássaro, sai voando
do vagão, agora, equilibrando o bolso mágico aberto da mochila, para que seus
instrumentos de mágica não caiam. Após
isto, o vagão volta a ser o mesmo, com o homem lendo coluna esportiva, a mulher
brigando com o namorado no celular, e a rotina segue. Assim, como num lugar
onde todos parecem uns androides, sempre fazendo e andando da mesma forma todos
os dias. Um mundo rotineiro dia após dia.
Texto de Monica Rizzo Lopes
e de Cristina Billi Garcez Ninha – 02/10/2013
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