A milagrosa célula de Henrietta
A
imortalidade é o sonho de muitas pessoas, e, o desejo de descoberta de muitos
cientistas. Mas, eu acho que uma pessoa provou que é imortal de alguma maneira:
Henrietta Lacks, americana, neta de escravos, viveu em Baltimore e, em Clove,
Estado de Maryland.
A sua
vida ia bem, cuidando de 5 filhos, marido, plantação de tabaco, saindo para
dançar, indo na igreja, até que percebeu que estava doente, pois, nas duas
últimas maternidades, sentia um certo desconforto e sangramento anormal. Em
1950, foi ao Hospital Hopkins, o qual tinha a ala “colored” com atendimento
gratuito, já que viviam a época do “Jim Crow”, ou seja, lei de segregamento.
Foi diagnosticada
com câncer na pélvica cervical, passou por cirurgia, com retirada de órgãos,
sessão de rádios e quimioterapia. O interessante é que ela não sentia o
desconforto do tratamento e, aparentemente estava se recuperando bem. Ocorre,
que na cirurgia, o médico fez uma biopsia do câncer e, em laboratório,
descobriram que continua se reproduzindo e, não morria a célula. Conclui-se,
ela vivia fora do corpo em plena reprodução.
A
questão polêmica dessa história é que Henrietta se tornou a célula HeLa e,
ninguém a avisou e pediu autorização para fazer pesquisas e continuar
reproduzindo suas células.
Lamentavelmente,
ela morreu em 1951 com câncer espalhado por várias partes no seu corpo. E, após
a sua morte, o médico pediu autorização ao viúvo para fazer uma autopsia, e,
claro, retiraram mais células. Anos após, a família descobriu isso e, ficou
revoltada, pois, as células da mão e esposa estavam sendo vendidas para
pesquisa no mundo todo.
O
outro lado da moeda científica, HeLa ajudou a progredir no tratamento do
câncer, foi o ponto de descoberta para a vacina da pólio, e, outras doenças.
Agora
vem o “x” da questão: Onde está a ética médica no desenvolvimento de pesquisa
em humanos?
Se
você estiver interessada em ler o livro, o título é “ The Immortal life of
Henrietta Lacks”, por Rebecca Sklook, aliás, muito bom.
Na
época de 1950, pacientes negros e pobres eram usados como cobaia em troca de
tratamento gratuito, na Alemanha, usaram os judeus em campos de concentração,
além de muitos prisioneiros nos Estados Unidos também.
Hoje,
você vê empresas farmacêuticas e clinicas chamarem por voluntários nos Estados
Unidos, mediante pagamento para ser estudado ou, experimentar algum medicamento
novo. Eu mesma já participei de uma pesquisa sem medicamentos.
Logo,
com essa onda de não testar nada em animais, sobrou para nós seres humanos, e,
então eu lhe pergunto: O que é justo tratamento ou acordo entre empresa,
medicina e cobaia?
Será
que tratamento gratuito para quem não pode pagar é um bom preço? Ou, você
prefere dinheiro? Tem muita gente doente que aceitaria testar o novo
medicamento com medo de morrer, ou família, que sabe que pode desenvolver a
doença. Mas, e o ser saudável, esse só mediante paga?
O que
não é justo é ver a empresa de medicamentos testar novos remédios em população
pobre nos países da África ou Brasil, sem nem saber “a hora do Brasil”, o que
está acontecendo. E, se você pensar bem, você não é cobaia quando pega a
amostra grátis de remédio novo para não ter que gastar?
Por
outro lado, vamos negar o avanço da Medicina feito em procedimentos não
corretos e, deixar de nos beneficiar? É tão complicado isso. O homem está
buscando formas de nos manter fortes e saudáveis, para viver mais. Já, a
imortalidade é ainda um sonho. Não para a especial mulher Henrietta, que tem
nos ajudado com suas células.
Sabe,o meu avô André sempre pediu para que quando ele morresse, o seu corpo fosse doado para estudo em uma escola hospital, pois, em um momento de sua vida, ele se sentiria útil nessa vida. Pena que familiares não fizeram isso. Ele é um imortal para mim.
Bom,
para refletir.... até breve!
Texto
de Monica Rizzo Lopes
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