O Carnaval está mudando ou tem que mudar?
Esse ano (2016) foi muito curioso com relação à tradição do
Carnaval, o ponto de vista dos turistas e dos brasileiros.
Como nova residente dos Estados Unidos, muitos me falam
do fascínio do Carnaval e, quase que no mesmo instante, do alto custo, da Zica,
do desperdício de dinheiro que é usado para o evento, da banalização da mulher
negra,etc.
Eu vi um vídeo no facebook o qual mostra o Carnaval do
Rio de Janeiro e as suas mulatas praticamente nuas para pessoas de New Orleans.
Lugar esse onde o Carnaval é bem famoso por essas bandas.
A reação foi de horror! Como elas se prestam a esse
papel? E, quer o mais engraçado? Comecei a ver brasileiros reclamarem também!
Até um homem criticou um grávida sambando na avenida, dizendo que isso ela
pode, mas não pode pegar fila, ficar de pé, enfim.
Outro ponto de intolerância que percebi foi quanto ao
gasto com Carnaval e a necessidade de usar o dinheiro em saúde e escola. Já que
o rombo do país já ultrapassou “todo o
chão” , praticamente estamos pendurados no ar.
Pela falta de grana, redescobriram o Carnaval de rua de
blocos em São Paulo e, aumentou no Rio de Janeiro.
Agora me pergunto, é uma tradição que irá acabar? Irá
voltar ao que era antigamente? Até que seria uma boa!
Brasileiros em EUA negam isso, se sentindo ofendidos.
Principalmente os cariocas. Mas, não é hora de repensar a festa?
Eu manteria a tradição, porém, nos dias corretos, sem
essa de estender a festa para mês, semanas. Afinal, é a nossa cultura, nossa
formação colonizadora.
Quanto ao Rio, não esqueçamos que traficantes colocam
muito dinheiro nas escolas de samba; muitos negam, mas, como fazer tanto luxo
assim? Não é dinheiro propriamente público.
E, o principal! A comunidade trabalha ano inteiro para
isso, é a vida deles simplesmente. A mulata tem orgulho de mostrar o seu belo
corpo na avenida, ela não se sente diminuída, vista como objeto, até gosta!
Eu acredito que dê para maneirar no nus, mas, eles nunca
irão desaparecer.
O que me estarrece é o fato da intolerância a tudo agora;
antes, não se ligava é uma vez por anos. Aqueles que não gostam, continuam em
seus sítios, casa de praia, em casa mesmo, curtindo um descanso.
Então, que tal acabar com o Carnaval e trabalhar mais
dois dias? Topa? Para se pensar.
A cultura pode mudar desde que o povo crie algo novo,
ache obsoleto e não pratique mais. Daqui 30 anos vamos ver se ainda há
Carnaval.
Ó abre alas que eu quero passar!
Até breve.
Texto de Monica Rizzo Lopes
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