Dentro ou fora do quadrado

Se minha avó tivesse viva diria que é o fim do mundo ver alguém dizer que nasceu no sexo errado ou que não pertence a nenhum dos sexos. Mas, diante de uma sociedade que por muito tempo rotula tudo, cria regras para seguir e não se adequar ao comportamento dela, é realmente muito complicado aceitar o que não está no quadrado desenhado.
Incluíram os transexuais na categoria de transgênero, o que particularmente, não colocaria no mesmo cesto, pois, o verdadeiro e mais  complexo transgênero seria a pessoa de sexo neutro, que não se sente nem homem e nem mulher. Louco isso não? Não é a toa que eles sofrem problemas psicológicos para lidar com sua própria natureza.
Na décadas de 80 e 90 já conhecíamos a Rogéria que assumia o seu lado mulher como modo de vida, mas, me lembro em muitas entrevistas, ela dizia que em algumas situações ela” era muito homem para enfrentar.”
Agora, estamos com dificuldades de aceitar conviver com os transexuais? A maior questão sempre fica no reconhecimento civil de direitos e suas consequências. Isso não para na concessão de mudança de identidade, mas, em tudo que irá gerar de mudança prática. Não vai longe, o uso do banheiro em escolas, já está dando o que falar.
Porém,  ver o número de suicídios de pessoas que não se enquadram na categoria pré estabelecida que chega a 40%, já é alarmante. Não esqueçamos que o grande tópico de todo o Governo é o cuidado com a saúde, mental e físico.
Mas, e os pais dessas crianças, como agirem? Não dá para julgar se não estiver nessa posição; porém, é importante mostrar que elas irão lidar com muito preconceito e, em algum momento terão que responder o óbvio da sociedade para não criar tumulto, enquanto a lei não muda.
Eu acredito que é menos difícil haver uma mudança prática no dia a dia, pela conscientização de que pela lei primeiramente. Haverá  resistência! Agora, o apoio da família é essencial para a construção de autoconfiança na pessoa que é transgenero.
Já não é fácil saber quem você é, mesmo se aceitando como homem ou mulher, imaginem não sabendo que sexo pertence. Agora, outro ponto que sexo está levando em conta? A do desejo sexual ou biológico?


Daí, começa outra subclassificação, trans que pode ser gay, hetero, bi, e outros, diante dos desejos sexuais. Outra confusão no mundo quadrado. E ter filhos? Mulher vira homem, mas ainda quer ter filhos, logo, questiono, onde é realmente a fonte do desejo de maternidade? Uma obrigação natural da mulher ou um sonho de consumo? É.... parece que quanto mais se tenta compreender, mais complicado vai ficando.
Outro dia estava conversando  com uma amiga sobre isso e, brincando cogitamos a idéia de extraterrestres estarem entre nós, disfarçados, trazendo novos conceitos para começarmos a ver novos paradigmas. Pois, alguém já viu a figura dos extraterrestres ter sexo ? Nunca!
Mas, cogitações loucas a parte, temos que procurar compreender, respeitar ao menos e, estudar a possibilidade de lidar com essas novas pessoas no mundo prático e legal. Pois, o direito muda conforme muda a sociedade.
O que é nossa obrigação é aceitar como ser humano e respeitá-lo.

Texto de Monica Rizzo Lopes





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