Quem é família mesmo?
De novo o Congresso vem com o modismo de legislar em
Estatuto, desrespeitando de certa forma a nossa Constituição Federal de 1988
ainda vigente, que foi considerada a mais longa, detalhada e social do mundo.
Pois bem, a bancada evangélica insistiu no Estatuto da
Família, como uma luta clara contra os homossexuais. Porém, eles pensam que só
atingem eles? E as demais famílias não tradicionais que ao longo do tempo vem
se formando? A sociedade é outra! E, a lei vem, acima de tudo, acabar com
conflitos e gerar ordem, não mais desordem!
A Constituição Federal de 1988 protegeu a família em um
capítulo especial seguindo o artito 226 para compreendermos:
“Art. 226 - A família, base da sociedade, tem especial
proteção do Estado. § 1º - O casamento é civil e gratuita a celebração. § 2º -
O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei. § 3º - Para efeito
da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher
como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. §
4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por
qualquer dos pais e seus descendentes. § 5º - Os direitos e deveres referentes
à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. § 6º -
O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio, após prévia separação
judicial por mais de um ano nos casos expressos em lei, ou comprovada separação
de fato por mais de dois anos. § 7º - Fundado nos princípios da dignidade da
pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre
decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e
científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva
por parte de instituições oficiais ou privadas. § 8º - O Estado assegurará a
assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando
mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações”
Após isso, o mundo girou e, os homossexuais garantiram o
direito de se casarem, divorciarem, dividirem ou compartilharem os seus bens
como os heterossexuais, daí, como consequência o direito de formar uma família
através da adoção.
Mas, no meio de tudo isso, tem as famílias quebradas ao meio,
aumentada por segundos casamentos, desfaceladas e assumidas por tios, avós,
padrinhos, vizinhos, amigos. Ou seja, família é aquela na qual há um elo
sentimental, causada pelo amor que um cuida do outro e protegem-se;
principalmente a criança durante a idade de imputabilidade.
Agora, família é considerada formada por um homem e uma
mulher como pais. Logo, vou separar o meu ponto de observação em dois:
biológico e, o social.
Na visão biológica, como nascem os seres humanos, ainda é a
partir de um óvulo e um espermatozoide, ou seja, do homem e da mulher. Agora,
pode ser o óvulo de um com um esperma de um desconhecido, na barriga de uma
terceira mulher, o que acham? Quem são os pais? Pode ser do casal homossexual
ou de uma mulher que apenas quer ser mãe e não quer se casar, porém não pode
parir. E agora? Complicou? Mas não é ficção científica.
E a família que cresce com a separação dos pais, nos quais
ganham padastros e madrastras, meio-irmãos, avós extras, essas também é o
incômodo para a sociedade conservadora cristã? Quantos evangélicos de segundo
casamento não existem? Conheço vários.
Então, com que direito os parlamentares têm de presumir
conceitos protecionistas no modo particular da vida dos cidadãos ? Ou eles querem a volta da família antiga, na
qual a mulher assume o papel de submissa, pois, estar casada era o mais
importante e viável para a sua vida, com uma dúzia de filhos legítimos e, aguentar as traições do
marido, muito claras na cidadezinha que mora e, cruzar com os ilegítimos pela
rua.
É lamentável que em pleno século 21, ainda há pessoas que
resistem à mudanças que a sociedade apresenta, até de forma natural, pois, um
conceito, não irá mudar a maneira do outro viver; mesmo porque, ele não está
fazendo nada de imoral, como matar, roubar, etc; eles apenas está tentando ser
feliz sem prejudicar o vizinho, o próximo.
Esse conceito sim irá ferir a mãe solteira que o pai sumiu,
ou que adotou uma criança, ou, o homem que resolveu adotar uma criança também.
Agora também questionarão a sexualidade do ser humano para decidir se pode
adotar ou não? Quem garante que irá dizer a verdade?
Ser cristão sim, é acreditar que um ambiente com amor e
respeito é que tem uma família e, meu pai sempre me disse, “quando se casa
filha, os pais viram parentes, e , isso é a ordem natural da vida”. Então,
família é a união de duas pessoas que se amam e se respeitam, sejam casais ou,
adulto e filhos.
A pior coisa é a hipocrisia de se parecer santo.
Texto de Monica Rizzo Lopes
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