Onde mora o seu racismo?

Quisera eu ter duas coisas: um antídoto em gotas para acabar com o racismo e, um colírio mágico que mostra a alma das pessoas, independente de sua aparência.
Acredito que já escrevi sobre o assunto, mas, sabe-se que é inesgotável a sua discussão. Eu voltei a repensar sobre isso após um almoço descontraído entre amigas, no qual fizemos várias observações instantâneas sobre frases que inconscientemente soltávamos e,  soava como racista.
Confesso que não somos racistas, mas, percebi que como ser humano, há muito que melhorar e, lá no fundo, há um racismo como arma para  disfarçar o medo de não ser aceito. Rara a pessoa que consegue ter coração aberto a tudo e a todos, sem medo de ser julgada, rejeitada.
Ser amigo de gay, negro, cadeirante, cego, pessoas com costumes religiosos diferentes, agora, viver no íntimo da cultura dessas pessoas, frequentar  realmente a casa, o dia a dia, é outra história.
Nesse caso, há um elemento fundamental, o amor, um sentimento realmente poderoso que aproxima a todos. Não é piegas, é real! Sabe aquele casal que enfrentou todos para ficarem juntos, só os dois realmente ficaram com os corações abertos para se conhecerem profundamente, porque se amam.
Isso não apaga o desafio dos familiares aceitarem o que é diferente no seio de sua família, normalmente, um acaba apagando o seu mundo e vivendo os preceitos do outro. Raro é ter uma fusão entre os costumes e mentalidades das duas culturas familiares.
Questões simples como você namoraria, se casaria com negro, cadeirante, cego, mulçumano, judeu, oriental? Um ponto de reflexão. Uma dúvida enorme no seu íntimo, é ser realmente aceita, e, não aceitar o ser amado. Normalmente, o casal envolvido pelo sentimento de amor, quebra a barreira do preconceito, mas, é forte o suficiente para suportar as pressões e resistências das pessoas próximas?
Sou amiga de oriental, cuja família tem preconceito com pessoas de origem italiana, e, apesar de ser aceita, sabem que sou descendente de italianos, e, continuam a falar abertamente na minha frente essa rejeição.
Conheço uma amiga de minha mãe, oriental que se casou com um alemão e, a família ficou anos sem falar com ela até que nasceu a primeira filha, mas, até hoje não aceita o genro.

A aprovação familiar de nossas escolhas, parece tolice, mas não o é. Saber que há apoio familiar faz com que a caminhada da escolha amorosa diferente torne-se mais suave, feliz, confortável. Tomando isso em conta, muitos desistem de ficar com o amado ou amada de outra raça, credo, país, porque a família é essencial para a sua vida. Isso pode ser entendido como racismo, mas, será que é?
Tenho duas amigas que têm forte atração por homens negros, todavia, uma delas sabe que a família não aceitaria o relacionamento. Logo, nunca assumiu de fato nenhum relacionamento com negros para os seus familiares.
Há culturas que não aceitam a mistura de pessoas de diferente religião, com o propósito de fortalecer e tornar pura, os preceitos e tradições. Agora, sem entrar em discussão se é certo ou errado. Isso é racismo? Não é o medo do diferente, da mudança?
Racismo, ao meu ver, é sentir-se superior ao semelhante, tratando-o de forma pejorativa, explorativa, se “achando” o melhor dos melhores. Isso é uma ideologia racista! Agora, a escolha de enfrentar o diferente, e se colocar de forma vulnerável sob a aprovação de outros que podem te julgar como inferior a eles. É uma escolha só sua!
Pessoalmente, tenho um relacionamento com um estrangeiro, e, sei que passarei por essa prova, sorte, os meus familiares, o aceitaram. Aliás, venho de uma família com italianos, chileno, com a miscigenação de índio, uruguaios, espanhóis e portugueses, então, se reinventar e respeitar o jeito de cada um é um exercício contínuo.
Onde mora o seu racismo? É racismo ou medo de sair do seu conforto? Qual seria a força do seu amor?Até breve!
Texto de Monica Rizzo Lopes


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